Sair do asfalto com uma moto é como trocar os chinelos por botas de montanha: parece divertido, mas rapidamente percebes que vais suar… e muito. Entre pedras, lama e caminhos que parecem ter sido desenhados por cabras com mau feitio, a condução offroad é aventura pura — e com estas dicas, vais sobreviver para contar a história (e lavar a moto depois).
No offroad, o corpo trabalha tanto como o acelerador. Não fiques sentado como se fosses no passeio de domingo: levanta-te, flete os joelhos e usa o corpo para equilibrar a moto. És basicamente um bailarino com capacete… e sem público, felizmente.
Se fixares o olhar naquela pedra assassina, adivinha onde vais parar? Exatamente. A moto segue o olhar como cão atrás de bifes. Mantém os olhos no trilho certo e ignora os obstáculos como se fossem aquele vizinho chato a chamar-te à varanda.
Offroad não é para arranques à MotoGP. Um puxão brusco no punho e a roda traseira vai cavar um túnel digno do Metro de Lisboa. Usa o binário suave, mantém a tração e deixa a potência vir com calma — a não ser que queiras plantar batatas com a roda traseira.
Travagem no offroad é como temperar comida: com cuidado. Abusa do travão da frente e vais fazer uma pirueta digna de ginástica artística. Usa mais o travão traseiro, controla o peso do corpo e deixa a moto rolar nas descidas sempre que possível.
Não vale a pena ir para a serra com pneus lisos — a não ser que gostes de escorregar com estilo. Pneus de tacos adequados ao terreno dão-te tração, confiança e menos desculpas quando cais.
Capacete integral, botas reforçadas, luvas, proteções de joelhos e cotovelos. O estilo “t-shirt e ténis” pode parecer cool até ao primeiro encontro com uma silva ou uma pedra ciumenta.
Se nunca caiste, é porque ainda não começaste a sério. Aprende a largar a moto, a não esticar braços como se fosses salvar o mundo, e a rir da situação. A moto levanta-se; o orgulho também.
Mentira clássica do offroad. “Fácil” normalmente significa pedras soltas, lama até aos joelhos e uma subida que parece saída de videojogo. Leva sempre água, ferramentas básicas e, acima de tudo, bom humor.
A condução offroad de moto é uma mistura de técnica, adrenalina e gargalhadas. No fim, sais com mais lama do que dignidade — mas com uma história épica para contar. E lembra-te: se tudo correr mal, pelo menos tens fotos incríveis para o Instagram.
Há quem diga que andar de moto em offroad é liberdade pura. Eu digo que é liberdade… misturada com gravidade e muita lama. No meu primeiro passeio pela serra, descobri que a terra batida não é assim tão batida — e que as pedras têm uma pontaria incrível para as minhas canelas.
Primeira lição: a moto não é cadeira de café. No asfalto, vamos sentados, direitos, quase elegantes. No offroad, se não te levantas nos apoios, a moto sacode-te como quem quer deitar fora um passageiro indesejado. Passei a viagem a fazer agachamentos involuntários — e a pensar que devia ter ido mais vezes ao ginásio.
Segunda lição: olha para onde queres ir, não para onde tens medo. No meio de uma descida, vi uma pedra do tamanho de um leitão e pensei: “não vou para cima dela.” Adivinha onde fui parar? Pois. A moto seguiu o olhar como cão atrás de frango assado.
Terceira lição: o acelerador não é interruptor. Tentei sair de uma zona de lama com o punho a fundo. Resultado: covei uma trincheira digna da Primeira Guerra Mundial e quase fundei uma nova lagoa. Descobri que acelerar suave é mais eficaz… e menos embaraçoso.
Quarta lição: equipamento nunca é exagero. No início achei que botas reforçadas eram luxo. No fim, percebi que eram o que separava a minha tíbia de uma conversa séria com uma pedra ciumenta.
E quinta — e mais importante — lição: cair faz parte do jogo. No meu caso, foi logo três vezes. Aprendi a largar a moto, a rir-me de mim próprio e a aceitar que cada queda vem com um bónus: uma boa história para contar no café.
Conclusão? No offroad não há caminhos fáceis, só trilhos com mais ou menos lama. Mas cada curva e cada escorregadela trazem aquela sensação rara de aventura — a de que és tu, a moto e a natureza a tentar perceber quem é que manda. (Spoiler: normalmente é a natureza.)
No fim do dia, voltei para casa coberto de pó, lama e orgulho ferido. A moto precisou de uma lavagem completa; eu também. Mas já estou a planear a próxima volta — porque, apesar de tudo, nada bate a sensação de enfrentar o desconhecido… nem que seja com um pé já no chão e outro a rezar.